um Escrito COLETIVO. buscar a cidade transviada e crioula. a cidade em fragmentos. declarações furtivas. Sonho e fantasia para uma cidade melhor.

27.5.06

A Copa, o Brasil e Elizabeth Bishop

Há quase 50 anos atrás a poeta norte-americana que morou no Brasil comentava (em 03 julho de 1958):
"(...). Ontem nos divertimos ouvindo (pelo rádio) a volta da seleção brasileira de futebol da Suécia - eles finalmente ganharam o campeonato mundial e todo o Brasil está em êxtase - até os bancos fecharam. É muito mais importante para eles do que seria um Sputnik. Parece que o time foi apresentado ao rei da Suécia, e um deles perdeu a cabeça atentou abraçar o rei, à maneira brasileira. Eles são mesmo umas gracinhas - uns homens baixinhos, de todos os tons do negro ao branco, e se abraçam e se beijam e choram de entusiasmo quando fazem um gol etc. - e correm muitíssimo depressa. A Lota estava voltando do Rio e levou horas num engarrafamento - foi uma multidão ao aeroporto, e os pobres jogadores não podiam nem mesmo sair do avião - ficaram trancados lá dentro. Doze jatos os acompanharam. Todo mundo acha que isto significa que virão 'dias melhores para o Brasil'. Deus sabe por que, ou de que modo - e este é um bom exemplo do jeito de ser deste povo tolo porém simpático. Nossa cozinheira chegou a usar ramos de salsa e ossos, veja só, para enfeitar o cozido com a imagem do jogador predileto dela.(...)."

(do livro Uma arte: as cartas de Elizabeth Bishop. p.386)

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