um Escrito COLETIVO. buscar a cidade transviada e crioula. a cidade em fragmentos. declarações furtivas. Sonho e fantasia para uma cidade melhor.

28.12.05

Belém: onde todas as músicas dizem eu te amo.

Meu Canto de Amor por Belém

Composição: Edyr Proença
Bom dia Belém!/Da tristeza do meu pranto/Da alegria do meu canto/ Quando o sol vem te acordar/Bom dia Belém!/Ver-o-peso fervilhante, atraindo visitante/Que vem de outro lugar/Boa tarde Belém!/Que na sesta se agasalha/Rede é doce mortalha/Pra dormir e pra sonhar/Boa tarde Belém!/Da chuva que vem/ Da brisa que tem/Que nos faz tão bem/Do sino que bate, fazendo Belém...Belém!/Boa noite Belém!/Da seresta de uma festa/Da alegria que ainda resta/Quando a lua faz luar, oh, oh.../Boa noite Belém!/Com tua simplicidade/Pura e sem vaidade/De histórias pra contar/Belém do meu bem.../das mangueiras, das morenas/Tantos sonhos, tantas penas/Do teu vento a segregar/Bom dia Belém!/Boa tarde Belém!/Boa noite Belém!/Te quero tão bem/Eu canto Belém, o canto que fiz pra te dar/Bom dia Belém!/Boa tarde Belém!/Boa noite Belém!/Te quero também/Eu canto Belém, o canto que fiz.../iê ro ro ro ro ro ro roooo iêiara ra ra ra ra ra ra ra ... Bom dia Belém!

Apontamentos em Belém II

Belém, terra das misturas felizes: riomar...
docesal, índio, índias, portugueses, japoneses, tacacás, guamás, tocantins, docas, atlânticos, areias, céus, sol, chuvas, lamas, iguarapés, sons, tudo muito muito caudaloso, frondoso...
Belém generosa: a manga madura não tá bichada e cai no coco dos passantes.

Norbert Elias em Belém do Pará


Na cidade percebe-se vestígios de uma suposta cultura popular. Incentivos governamentais para que uma cultura popular se faça. Mas a cultura populacho ou não deveria ser tudo q a gente queira q seja cultura. Sem apelo a uma nação, nem a uma tradição, ou a um sistema simbólico previamente enunciado. Enfim, uma cultura sem apelo ao q é reconhecido e reificado por uma classe dominante, seja ela, a burocracia corrupta do capitalismo ou socialismo, ou da elite perversa ou dos dominados moralistas de ambos. A cultura em belém? andando pela cidade a lembrança de outras como cochabamba, puno, la paz, cuzco. cidades da américa latina, escuta assim mano. um lance de loko. pq vc está na floresta amazônica num suadouro constante, em calor q mais parece q vc está num forno, eh voce lembra da américa latina, dos guaranás em saquinhos, coisa comum na bolívia e peru. das comidas pré-Kapital q permanecem como hit. quer dizer, vc se reconhece como um ameríndio, num destino q poderia se resumir no tacacá: tucupi (q vem da mandioca), pimenta-de-cheiro, jambu e goma (da mandioca tmb). e uma cuia. vc pensa nisso mano, q a coisa está pegando toda vez q essas carrocinhas ficam lotadas, as vendedoras do magazine lider rindo em uniforme ainda engomado depois da labuta. como? em belém adoram compor nomes como rosaura ou laurely. em belém norbert elias, q eh um nome composto diria q o processo civilizatório está por se fazer. uma pena norbert elias esta tua civilização não existirá em belém. uma graça norberto.

Apontamento em Belém do Pará

a gente exígua/ o tempo extendeu-se em mosqueiro/ cidade próxima de belém/ com banhos em água ao mesmo tempo doce e salgada/ mosqueiro c pequenas moscas mas parecem mais limpas q eu/ gente em ciclismo/ gente em dupla/ em trio/ em conversê sem fim/ paqueras sem fim/ tira-gostos/ picolés a 0,50 centavos/ tudo na rua/ a cidade vive na rua/eh muito calor mas ninguém quer se preocupar/ as comidas caudalosas em barraquinhas na rua/ em pimenta-de-cheiro/em desinfetantes para esconder o número de cidades sem sistema de esgotos decente neste país maluco/neste país pungente/o cheiro de manga em todas as mangueiras do mundo pelas ruas de belém/em cupuaçu/ em perfumes desses homens femininos e seus hotéis mofados de um espólio imperial.

23.12.05

odeio Natal e o livro apócrifo de São Tomé

Para fazer do Natal algo minimamente digerível vamos inventar. vc já ouviu falar nos tais livros apócrifos? q seja? são livros q não entraram na versão final da Bíblia (apenas 7 foram inclusos na época da Reforma Protestante) e outros inumeráveis padeceram de mundanidade. então os caras acharam papiros no Mar Morto/ Egito, são os Manuscritos do Mar Morto. entre eles estaria o livro de São Tomé. Vejam as pérolas q selecionei:
*
"Bem-aventurados os famintos, porque se encherá o ventre de quem tem desejo."
*
Jesus disse: "Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo."
*
Jesus disse: "O Reino do Pai é como uma certa mulher que estava carregando um cântaro cheio de farinha. Enquanto estava caminhando pela estrada, ainda distante de casa, a alça do cântaro partiu-se e a farinha foi caindo pelo caminho atrás dela. Ela não se deu conta, pois não tinha percebido o acidente. Quando chegou em casa, colocou o cântaro no chão e percebeu que ele estava vazio."
*
Jesus disse: "Havia um rico que tinha muito dinheiro. Ele disse: ‘Empregarei meu dinheiro para semear, colher, plantar e encher meu celeiro com o fruto da colheita, para que não me venha a faltar nada’. Essas eram suas intenções, mas naquela mesma noite ele morreu. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça."
*
Jesus disse: "Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo."

15.12.05

10.12.05

sim

não dá p ver na foto abaixo o "eu te amo dona rose" com coração e tudo. tempos outros da cidade de são sebastião. tempos outros? esta foto faz parte da levada morro da conceição em q adentramos outubro passado, se não me engano. em gamboa, saúde, providência, largo da prainha, central do brasil, cemitério dos ingleses. loucura esta cidade colonial. mortos em tudo q é canto. o lance da memória ali. invisível e ali. nos protegendo. nos amaldiçoando. a dívida. a tal da dívida. a cidade e seus enigmas. cidade e afetos. cidade e pauleira no lombo. os camelôs na manhã anterior tinham levado da prefeitura. queimaram barracas. gente com oito anos de central. só seremos melhores quando sim somos africanos e ameríndios em informalidade. na positividade. no coração. na cabeça. lá embaixo. quem vai querer? deixar seu celular de lado. deixar seu carro. deixar sua prestação. deixar sua tv. quem vai querer? tanto os pobres tanto os pretos tanto os tolos tanto os mansos. eh isso. quem vai querer?

dricafernandes@yahoo.com.br

16.11.05

Mano Brown p/barricadas

e continuando a session Racionais/ Mano Brown
em Negro Drama: me ver pobre preso ou morto já é cultural (...)/ eu era a carne agora sou a própria navalha(...)/ aquele loko q não pode errar/ aquele q vc odeia ama nesse instante/ pele parda ouço funk(...) e de onde vem os diamante? da lama.
o velho tocqueville soube dizer: abaixo do equador a imaginação.

15.11.05

JEAN CHARLES VIVE!
RJ - A nova demonstração de criatividade e subversão tem nome: "Piratex". Trata-se da marca que assegura aos clientes do camelódromo da Uruguaiana, no Centro, a troca de CDs de música, de programas de computador, de jogos e de DVDs em caso de defeitos de fabricação. O selo é encontrado na capa das mercadorias e tem estampada a imagem de uma caveira com ossos cruzados, típica das bandeiras de navios piratas vistas em filmes. A vendedora de um dos boxes do camelódromo explicou que o selo é usado para facilitar a identificação do fornecedor dos produtos, em caso de necessidade de troca:- Como aqui oferecemos mercadorias de vários fornecedores, precisamos saber de onde veio cada produto. Assim, podemos trocá-los se tiver defeito de fabricação. O box onde o selo foi encontrado esteve lotado de compradores, ontem. A "Piratex" não é a única a estampar um selo de identificação nas capas de suas mercadorias. Também podem ser encontrados nas bancas CDs e DVDs com a marca do fornecedor "Viajando". O selo do fabricante é um círculo com fundo branco e o desenho de um homem que simula estar voando.

(Ass. Movimento Amador)

3.11.05

"serpentes breves, de passos evaporados"

(de Lezama Lima)

2.11.05

29.10.05

CORPOÉTICO

CORTE DE OXIGÊNIO NO AR QUE INSPIRO,
ME INSPIRA E MARCA A VIDA - -
NASCI- - -
SENSAÇÕES PROLIFERANTES. - -
ALGUMAS, EU CHAMO DE "AMOR' - - - - -
NESSE MOMENTO, MEU CORPO TEM NOME, NOME DE OUTRO.
POR MAIS QUE EU ME SINTA FLUTUAR, -
SOU DONA DE NADA, - -
DE QUALQUER IMPRESSÃO TATUADA.
- - AMOR,
NO SANGUE SE GRUDA AO FERRO,
EVITA ANEMIA,
O VAZIO QUE DOMINA A VIDA.
NÃO HÁ DOENÇAS AUTO-IMUNE OU BACTÉRIAS QUE SE CRIEM.
OUÇO EM MIM O TEU BARULHO.
OS SONS DA CIDADE GROSSA,
POLUINDO OS OUVIDOS EM PLENO MEIO DIA,
ME ENCHEM DE MÚSICA.
NÃO HÁ ESTRAGOS.
O TIROTEIO NA FAVELA DO BAIRRO ELEVA A MIL
A ADRENALINA QUE ENFEITA O CÉU.
JUNTO ÀS ESTRELAS,
ME IMPRESSIONA O BRILHO DAS BALAS VOADORAS,
DA MÚSICA NO RÁDIO,
DA LEMBRANÇA DA TUA VOZ
E O MEDO PASSA, OS SENTIDOS SE ACALMAM.
É QUASE CARNAVAL NO MEU PAÍS.
DESEMPREGADA,
SEM OVO NA GELADEIRA,
OU FRASCOS DE PERFUMES ACUMULADOS,
A BARRIGA RONCA:.............. CUÍCA!
DANÇO, SAMBO, ME MASTURBO LEMBRANDO TUA LÍNGUA EM MIM
E A FOME PASSA.
A MINHA FOME E A DO MOÇO QUE DORME NA ESQUINA.
EU SEI: .....ELE TAMBÉM SE TOCA NA CASA DE PAPELÃO.
COM FOME, SEDE, E CANSAÇO,
GOZA ALGUMA MULHER.
EU AQUI E ELE LÁ.
DESCONHECIDOS,
ACREDITANDO NA VIDA DE OLHOS ABERTOS.
MAIS NADA.
ESTAMOS VIVOS E NUS,
COMO VIEMOS AO MUNDO, QUEM SABE NO MESMO DIA?!
E A FOME,
POR SEGUNDOS,
NÃO FALA.
O CORPOÉTICO SEM AMARRAS,
SE ADAPTA A TODA PORRADA.
O PECADO NÃO TEM FIM.
SEM MEDO DA MORTE
OU APEGO A TI,
O AMOR VIROU SUCO,
ADUBO DE TUDO.

UM PLEITO FINAL E ETERNO
POR MAIS SEGUNDOS GRUNHIDOS, MOLHADOS
E NENHUM CONTEÚDO PENSANTE.
SEM RELUTÂNCIAS, VIVER,
ORO ENTÃO,
AGRADEÇO O QUE FOI E O DIA QUE VIRÁ.
EM NOME DOS CORPOS
DOS BATUQUES,
E DOS SENTIDOS POÉTICOS,
AMÉM!
AMÉM!
OXALÁ!

ass: Caruru

25.10.05

17.10.05

Cara Rónai
Sendo a senhora tão bem fornida de bom vocabulário, parece que devemos entender os "cidadãos de bem" e variantes em seu texto por cidadãos de bens. Direitos que se compram? Direito de comprar? Porque então não fazer uma campanha "Bolsa Arma" ou "Um Milhão de Armas"? Houve tempo quando quem defendia a distribuição de armas eram os trotskistas. Armas para todos! Vamos atacar (a melhor defesa) os promotores da violência!
Jorge Caravajo (Membro da mobilização sílvica "Bosta!")
Artigo da nobre colunista Cora Ronai

16.10.05

O LÁ do CARURU, 1

Lá sei q horas tem.
Lá sei q nota é o lá.
Lá sei o q vai acontecer com o Rio São Francisco, com o Solimões e o q mais atazanado está.
Brasil da porra, com referendo e pertubações brasilianas.
Gosto pra caramba disso aqui mas,
tenho plena consciência dos efeitos diferenciados q essa terra provoca em mim.
Meu nome é CARURU.
Mistura da porra toda, com alguma coisa a mais. Alias PORRA do quiabo, q
pra cortar miudinho, SÓ NO COLETIVO!
Coletivo aqui do Raimundo, mundo, undo...
Ecos alardeados por todos os lados.
Deus meu! Quem já comeu Caruru, sabe!
Quem quer CARURU?!
Chacrinha na cidade, em Santa, Botafogo e arredores.
Tô te chamando prá experimentar.
Eu aqui,
a panela cheia,
as palavras vazias,
a santa ceia,
os temperos sanguíneos e,
LÁ vamos nós de novo.
De volta ao LÁ!
Tô com uma vontade louca de te cantar

Ass: Caruru

13.10.05

entre
vazio
entre
paredes
entre
mentes

estou


absoluta
na solidão enxameada

a solidão da grossa:
ilharga
em adjetivos
picadas

somemos o gosto
a confusão
de sentidos

estou


sou
mais
sou
menos
instintos
extintos
guloseimas

grave
morta
pólvora

sola de solado
de bolo
e sapato.

26.9.05

andar na cidade sendo a cidade no morro da conceição vou aprendendo a vista dali_quando a gente negra experimentava a distância do desterro _ santa sara a santa cigana com nariz de palhaço ao lado de santo antonio? as perdas todas girando girando em nó pela goela maior_esta dor q não tem jeito esta dor pra sempre_ e claudia andujar* a fotógrafa dos yanomamis a fantástica fotógrafa do fantástico povo yanomami e mais finitude e mais tênue mais frágil pequeno o vagar pela cidade o amor os transeuntes na noite no morro do labirinto conceição onde piratas corsários guiavam-se pelo alto mar & terra a cidade aberta_ yanomamis estão comigo neste domingo de chuva triste como o caixote de passado no labirinto conceição_ com suas crianças e solidão_ mas brincam de bola no meio da rua jogo de bola_e há um boteco mais fofo na mesma_na rua jogo de bola_queríamos ir ao cemitério dos ingleses pra ver os mortos compactados num lugar pra eles_os outros mortos pretos escravos etcetcetc estão em todo lugar _na internet procuro sobre o labirinto conceição encontro a página da polícia civil com seus “capturado” e “procurado”e “morto”: são retratinhos um pouco mais q 3 x 4 mas mulatos e pardos e o carimbinho na maioria é assim “morto”//

* para ver as fotografias e uma resenha sobre a obra de claudia andujar:
http://www.studium.iar.unicamp.br/12/5.html

(por dricafernandes@yahoo.com.br)

labirintoS

as fotos abaixo são de um passeio ao morro da conceição/ saboroso passeio descoberta de uma cidade/ na volta do labirinto Conceição no meio das imagens aparece a confeitaria Santo Amaro querida 24hrs no agora coração labirinto Glória//




25.9.05

Djavan vai cantando e eu esperando a intervenção da Cássia Eller. Sinto a saudades que Paulinho da Viola diz que não existe. Acho que entendo! Sinto é ela mesmo e o querer "mais ela" é que parece saudade. É só não atinar para o que foi (morte) e para o que vem (ela não vem mais). Mas vem sempre do jeito que pude vivê-la, cantando nos CDs e nos raros shows que vi. E aí, a gente junta esse sentimento, ainda não tão maduro apesar de consciente e deixa a ausência tão esperada da presença que era prá ontem, de quem cortou a comunicação quando estava prestes a estar.... O mundo fala tanto! Celulares, computadores, palavras... a gente se acha mais, se esconde mais para não ser tão achado, se pinta nas telas do computador mas não mostra o quadro para todos. Não expõe a pintura das palavras... As cartas são mais pictóricas e "acháveis"... Interessante.
Mas tem a voz da Cássia, do Djavan (que às vêzes faz música muito boa), o cheiro do corpo que cafunguei tanto, decorei um pouco sem chegar a decorar a anatomia, a geografia... Sempre disposta a tudo. Uma moça em mim é assim. As outras são assado e às vêzes transformam a disposta desbravadora, numa bandeirante arcaica. Dançada dessa moça. Não deve deixar a outra continuar tão facilmente suas façanhas. Tudo vira rápido uma pequena perda e, solidão..."solidão? que nada....!" E me disse o bêbão catador de lata com quem muito sambei em meio a todas as belezuras estudadas: - só voce gosta de mim...! "Eu, pensando - "... Um samba como esse tão legal. Voce não querer que eu deixe pro final!"
Vem DA LATA! Vem que voce se sinta assim, gostado naquele momento de mundo só por mim, alguns segundos de deslizantes pés e SAMBEMOS, SAMBEMOS, SAMBEMOS... pour tout la nuit
Maristela

19.9.05

muitas idéias em dias de nublado. a coisa é essa. criar novas políticas. leio sobre os racionais. escuto os racionais baixando no soulseek. programa q compartilha músicas. nunca mais comprar cds afinal o velox já $$. o lance as letras a força a voz o cara. mano brown ecoando. a balada Jesus chorou também tem som demais. encontro um artigo da maria rita kehl. vida inteligente yeah. vou colocar embaixo endereço. o lance alugar um casarão morar no quartinho com o básico circular na cidade com gente q acredita. ocupar a cidade q é da gente. garotinho vai passar. garotinha não existe. alguns evangélicos desejam uma ética. alunos ótimos evangélicos também buscam alguma coisa não necessariamente alienante. fico nervosa com intolerâncias mas um pouco de letra já faz os caras melhores. eles estão buscando e têm pressa como eu. eu tenho pressa mas tem algo muito lento em mim. não dá pra esconder. eu sou lentinha. não dá pra esconder. eu sou burguesa mas tenho um maior dentro.
KEHL, Maria Rita. Radicais, Raciais, Racionais: a grande fratria do rap na periferia de São Paulo. São Paulo Perspec. [online]. July/Sept. 1999, vol.13, no.3. p.95-106.

18.9.05

e-raimundo

A pele ainda está lisa e áspera.
O sangue se espalhou nas velocidades variadas das flexões...
Como não dizer que É BOM DEMAIS?! Cheiros,
mãos na pele, elos para todos os lados e suspiros.
Percebe: eu que tenho esses sentidos todos, disponíveis, aguçados e estimulados,
me dei tanto de presente.
Que assim eu me veja em todos os momentos; fazendo comida, dançando, abraçada com tanta boa gente que,
eu tenho certêza que essa transa vai durar, durar, durar!!!
É só eu me dar o presente!

Maris

12.9.05

este adress http://www.studium.iar.unicamp.br/19/05.html vale a pena para ver buenos aires teimando com o Kapitalpimpão. vamos aspirar pq em terra de pindorama a chapa tá quente.
fui ver o batalha de argel_filme da década de sessenta_ a resistência da cidade árabe a civilização berbere contra os franceses_os gritinhos das mulheres mulheres fundamentais para levar as cestinhas com as bombinhas q deixavam louca a gentalha civilizada glutona francesa_ ô povinho_ na aliança francesa se estuda história da civilização_adivinhe caros os temas da história da civilização? muito interessante q a hitória da civilização seja a história da frança_nunca estudei a invasão dos franceses em caboul_o bairro árabe em argel_ não estudei a violência variada q o filme mostra_como nossa favela com suas ruelas_ saí do cinema com um vestígio de dignidade_eu quero uns becos pra poder correr dos franceses

5.9.05

"Ajuda-te a ti mesmo: assim todos te ajudarão. Princípio do amor ao próximo."
(do velho Nietzsche em Crepúsculo dos ídolos por patiaz@lycos.com)

4.9.05

um bom escrito que precisa de gente!

Driqueta bonita,
Patrícia sorrindo,
amigos do Apê,
preciso ler uma peça de um cara chamado Vina Marques. Preciso de vozes e corpos que lêem. Nada burocrático. Divertir, concentrar e iluminar as impressões. É para um trabalho teatro/vídeo experimental CONCRETO e REALIZÁVEL.
A gira vai começar e eu não posso me atrasar mas não quero o vício da área. Quero a leitura de todos los otros!
Pode ser? Essa semana,
com prazer?!
Beijos,
Maris

...quando não se para de parar...

...por razões diversas e adversas vou falando no domingo da feijoada que não há. Não cabe em mim, não atende as necessidade da veloz sonoridade, mas sou convidada e o convite é nobre. Me integra, sedúz e me faz bem. Estar por aqui, passeando.
Muitos sons na cabeça que gritam, repetem a música que parece um hip-hop, um funk rapidinho que até então, eu não entendia as palavras. O rítmo alucinado era mais forte. Mas ontem, eu ouvi e pedi socorro apesar de só entender que não se trata de um flime. A real nos meus ouvidos adentrando...: - Eu te amo! EU TE AMO! E por amor, em nome de todos os amores e potência, posso te matar, massacrar, perseguir, acusar, denegrir teu nome, acabar com o teu sossêgo, até ter teu corpo nas minhas mãos e o consentimento errante de que esse amor que vale tudo é do tamanho da minha imaginação e, se te imaginar com outro, é então VERDADE o meu imaginado e, te mato por isso. Por que é amor e ouço toda a minha emocionada ineventividade e acreditando nela, firo o ferido. Sou capaz de tirar vidas e de cantar um bolero enquanto, te machuco... eu sei que vou te amar...!

Belos de vidas im/expressionistas, eventualmente exposta em colagens berrantes,
artistas da defesa e da grandeza pessoal, que atiram as flores pro alto, com ares de pedra, que caem sobre qualquer um (se Deus quiser) e os tocam, convidando para dançar palavras.
Meu carinho e estar aqui.
Minha aberração é dizer o que está em parte de mim sabendo que posso e que não hão de achar antiético palavrear momentos difíceis.
É por isso; por que o real não é só tiro na gela, não é só flores na favela, não é só a intenção da gente bela, é tudo isso também e a pancada roxa na linfa que corre bonitinha para onde os sons são melhores e que eu posso ler e repetir, e repetir como música.
Sem tiros de amor, por favor!? A não ser os do gozo danado, longínquo, relaxante.
O RESTO NÃO MAIS SERÁ IMPORTANTE (nem os demasiados acentos ou eventos de amor armado).
Maris
andando na praça Paris terça de calor meio-dia os garis recolhem folhas das amendoeiras são muitas folhas no chão de areia da praça Paris criaturas obtusas em bancos laterais da praça Paris rapazes com outros de terna idade os garis descansam belos de ver a roupa verde-escura o tempo permitido outro tempo em meio ao irrequieto penso no amor são aqueles garis deitados blusas abertas o sol em riste no rio de janeiro o ônibus tenta se safar em motor de calor dizem ser massa quente grazie me acompanha roupa pequena em salto-alto maior neste mundo

3.9.05



Vens

Moça faltada de livros
pelo Aterro, corre
faltada de roupas, sem estar pelada
maltrapilha e piolhenta
Sob olhares estarrecidos dos travecos
deitados debaixo de árvores sonhadas por Burle Max

Na noite ou em dia pleno de sol sem mar
dia desses desesperados,
contados na ponta de dedos
lambidos,
roídos ou ruídos de loucura
atravessando o aterro a dentro ao centro com olho de furacão.


(de Patrícia Azevedo/ patiaz@lycos.com)

29.8.05




















(de Mariana Ferreira)

manifestação do capenguinha

Hoje no desalento do cotidiano, vi de esguelha meu amor na rua. Ele
não me viu. Gesticulava e abria os braços enquanto conversava
animadamente com uma moça feia. Passei do outro lado da calçada
com o coração pulando dentro de um corpo ardente. No minuto seguinte um
moleque esmirrado, com mãozinhas encardidas me oferecia bananadas a 1 real, e reclamava que tinha
fome. Dei 5 centavos para o garoto, explicando-lhe que era o mesmo valor
que valia meu coração. Eu também tinha fome.
Afonso:
fera ferida
gosto louco
quanto adjetivo nessa boca
de boiola boçal (e atoleimado)/

O surgimento de um outro mundo
onde vai dar?
Não na terceira quarta via
falta o caminho arredio/

Pasolini era lindo
amando o rapaz na rua do Resende
Eu vou a feira
e percorro sua escrita na cidade
decadente de São Sebastião e há charme/
melhor assim.

(por dricafernandes@yahoo.com.br)

28.8.05


(de Mariana Ferreira)

Tchau Brito

Colar, com bolas de porcelanas
contas coloridas do colar
cobra, em cima da terra
terra, de cacique canibal
coragem, mostrada na praia

de Iemanjá.

Cidade, do Rio de Janeiro
Cobiça, de corsários
Contento, de boêmios cronistas

rimas rápidas faz:
cortesia, gringos, caretas, cocadas, cocaína, boêmia, catedral
cicatrizes, da candelária

o cacique guerreiro desabitou a cidade
os cronistas andam cheios de preguiça
as cobras perseguem ratos florestais
restos de celebração canibal
só,
com cigarros
proibidos
animal de selva já fôra,
sai fora leão!

Patrícia Azevedo
patiaz@lycos.com

27.8.05

brasilianista3

Em História do Brasil (de frei Vicente de Salvador, séc.XVII):
O dia que o capitão-mor Pedro Álvares Cabral levantou a cruz (...) era a 3 de maio, quando se celebra a invenção da Santa Cruz em que Cristo Nosso Redentor morreu por nós, e por esta causa pôs nome à terra que havia descoberto de Santa Cruz e por este nome foi conhecida muitos anos. Porém, como o demônio com o sinal da cruz perdeu todo o domínio que tinha sobre os homens, receando perder também o muito que tinha sobre os desta terra, trabalhou que se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor abrasada e vermelha com que tingem panos, que o daquele divino pau, que deu tinta e virtude a todos os sacramentos da Igreja (...).

brasilianista2

Em Diálogo da conversão do gentio (por Nóbrega, 1556):

(...) mas, como nam sabem que cousa hé crer nem adorar, não podem entender ha pregação do Evangelho, pois ella se funda em fazer crer e adorar a hum sôo Deus, e a esse só servir. E como este gentio nam adora nada, nem cree nada, todo o que lhe dizeis se fiqua nada.

18.8.05

O pão foi feito
para dar aos filhos,
não aos cães.

J.C.

15.8.05

medidas básicas:
a) acabar com a reeleição, seja para presidente, deputado, senador, vereador;
b) todos os cargos do executivo ocupados por funcionários de carreira;
c) uma indicação política por órgão;
d) um bom salário para os moços em brasília sem adereços quaisquer (apartamento, viagens, carros etc);
e) fica proibido qualquer tipo de propaganda durante qualquer época;
f) eleitos por números de votos independente de partidos (partidos devem ser a conclusão da estória e não o começo)///

p/ quebrantos

quando a vida assola o coração o espírito: ARTE/ make it new faça de novo o novo o ovo. de serpente? não importa. o catolicismo é praga. logo a serpente deve ser irrealidade. saudar o irreal vai ainda nos salvar. muito mais q real. henry thoureau é q deveria ser obrigatório nas escolas:
"Não tenho certeza, mas considero excessivo ler um jornal por semana. Recentemente fiz isso e tive a sensação de passar exatamente uma semana fora de minha terra natal. O sol, as nuvens, a neve e as árvores já não me diziam tanto quanto antes. É impossível servir a dois senhores. (...). Ao final do dia, é bem possível ficar envergonhado de contar as coisas que lemos e ouvimos. Não sei por que as notícias precisam ser tão desinteressantes, se confio em que as pessoas podem sonhar e ter esperança? (...). Na verdade, contemplar um fato universal - é tudo de que precisaríamos para nos manter eternamente sãos. Nações! O que são nações? Tártaros, hunos ou chineses! (...). É em vão que o historiador se esforça para torná-las memoráveis. É por causa da ausência de um homem que existem tantos homens.(...). Não leiamos os diários. Leiamos as Eternidades".
(in Desobecendo)//

14.8.05

p/gianni rodari

entre louros/ entre muros/ assim
moura/ mouca/ maria/ zé ninguém/ otária
e sobreviva//
turistas transeuntes desavisados em risos/ neste inverno
do país nauseabundo//
a questão de ordem:
crianças como parlamentares e presidente e partidos/
para reinvenção de pindorama///


dricafernandes@yahoo.com.br

28.7.05

a cidade de são sebastião merece coisa melhor. não falo nem da estória maior da zona federal eu digo o rio. rio a cidade de água é isso. muita emoção. queria andar pela cidade livre. liberdade não existe eu sei. principal neste capital cru o nosso. nem no sofisticado. veja lá na bélgica a mulher do quênia q tacou-se fogo pq teria q ir embora daquela merda de europa enfim. isso foi ano passado diz leidinha. aqui um cara virou labareda em frente ao nosso forrest. pois é. a solução de jorjão por gaspari é expulsar todos q estão envolvidos com o escândalo expulsar todos do pt q estão envolvidos. até o lula q seja. recuperar as bases fazer novas bases. enfim a política q foi a marca do pt. heloísa helena e o retorno. sejamos monstrengos na política e atrasados. ótimo. mas voltando a idéia de ser livre. no filme quanto vale ou é por quilo? do bianchi tem lá a réles classe média mais medíocre q já é. um cara entrou aqui e levou as coisas da sala. tv vídeo e som. agora dormimos c todas as janelas trancafiadas. isso é ridículo. quero me mudar de uma casa no rio. deveria encarar isso na boa. conversar com o cara na próxima se ele for no meu quarto ou me deparar com. vivíamos com todas as janelas e portas abertas. o cara sacou. mas dá pra entrar sempre dá pra entrar quando se quer. mesmo com todos os ferrolhos imbecis q eu tenho avesso. na feira da glória o cara feirante esbravejante p uma pedinte negra oh minha mulher é branca e não está pedindo ohh minha mulher é branca e não está pedindo. olhamos sem entender. alguns segundos. pra entender: preto não pode ser pedinte na feira.
(por dricafernandes@yahoo.com.br)

27.7.05


amor em chão suspenso sobre covardia/hoje eu fui ver o quanto vale ou é por quilo?/ meio sorumbática/ queria parar de roer unhas e só/ meio sorumbática/ me perdoem/ não/

25.7.05

Psiu

24.7.05

Reinaldo Arenas p/o Presente 1

"Nossa história é uma história de traições, alistamentos, deserções, conspirações, motins, golpes de Estado; tudo dominado pela infinita ambição, abuso, desespero, orgulho e inveja. Até Cristovão Colombo, em sua terceira viagem, depois de descobrir toda a América, voltou para a Espanha acorrentado. Duas atitudes, duas personalidades parecem sempre estar em conflito na nossa história: a dos rebeldes constantes, amantes da liberdade e, portanto, da criação e da experiência, e a dos oportunistas e demagogos, amantes do poder e, portanto, praticamentes do dogma, do crime e das ambições mais mesquinhas. (...). Seja como for, a juventude dos anos sessenta deu um jeito não para conspirar contra o regime, e sim para atuar em prol da vida. Clandestinamente, continuávamos a nos reunir nas praias ou em casas de amigos, ou simplesmente desfrutávamos de uma noite de amor com algum recruta de passagem ou com um estudante bolsista, ou com um adolescente deseperado que procurava uma forma de escapar da repressão. Houve um momento em se desenvolveu, às escondidas, uma grande liberdade sexual em todo o país; todo o mundo queria transar deseperadamente e os rapazes ostentavam imensas cabeleiras (as quais, naturalmente, eram perseguidas por mulheres na menopausa munidas de grandes tesouras), usavam roupa justa e adesivos, copiando a moda ocidental; ouviam os Beatles e falavam de liberdade sexual. Em grupos enormes, nós jovens nos reuníamos na Coppelia, na cafeteria do Capri ou no Malecón, e curtíamos a noite apesar das ruidosas perseguições policiais." (In ARENAS, Reinaldo. Antes que Anoiteça. Rio de Janeiro, Editora Record, 1994. p.120-121)
(por dricafernandes@yahoo.com.br)














a solidão assim/neste mundo de machos em um posto de caminhoneiros/c/pfs e churrascos mistos/ a senhora bishop e reinaldo arenas e todos os alunos da brisa de CF no nervo/ é noite c/chops e neblina/ o garçon curioso quase holandês nessa região de imigrantes corsários de outro tempo/ na solidão precária/ e vejo o verbo comigo/ mais não.
ah se não fosse a literatura o q haveria de nós pós derrota do pt e da política e dos suspiros da esperança q andamos a dar mas logo cessando. o pt parece um time de futebol daqueles q só perde e todos escarnam e todos te ligam pra contar mais algum detalhe eh o apocalipse vai acontecer eh só vai piorar eh isso e aquilo logo em seguida outros continuam a ladainha e a gente ali se defendendo embora nem acreditasse em política ou pt ou lula genoíno no fundo eh aquele ranço de brasileiro esperando o milagre um país meio pisciano a gente eh isso.........acho q de novo retornar a Canudos e seus heróis.........os caras resistiam os caras corriam cavavam os caras pintaram com armas ultrapassadas para a época.........eh isso.....
aqui eu trago então a literatura.........
o cara se chama LEZAMA LIMA o chapa barroco cubano q não saiu de cuba q ficou com fidel mostrengo dos gays e outros contradictos mais........... bem, Lezama Lima escreveu, entre outros, PARADISO, nos idos dos 60, o cara eh grande literal e não, vejam na tradução de Josely Vianna Baptista, da brasiliense, 1987 (ed.orig.1966):
"ir à casa do Coronel e ver sua esposa, e presenteou-lhe uma caixa de doces, pois tinha esse delicado costume criollo que consiste em abrir caminho com desejos e afagos, ingênuos e carinhosos, nobre e graciosamente desproporcionados entre o bem que se solicita e a fugacidade da regalia introdutória, tão distante da densa bajulação espanhola." (pg.41)

1.7.05

Posted by Picasa

s/t

eu não sei escrever/ eu sei de você nos lugares escuros
em lugares perdidos/ em algum lugar fedorento// eu gosto/gosto do cheiro
da coisa estranha/ eu encaro eu gamo eu queria não saber disso mas eu sei/ e eu ainda quero/ eu não páro// no hotel a gente pode combinar/ quantas fileiras quantas vezes/ combinar a face/ desopilar a cuca com besteira doentia/ divagar a respeito/ quem sabe uma felicidade fugaz/ quem sabe funciona/
Posted by Picasa
Posted by Picasa

2.6.05

"brasilianista" Posted by Hello

25.4.05

s/t Posted by Hello

24.4.05

Caibo tão bem
nessa ausência
Descabida
os vizinhos gritam
não passa em branco sua qualquer coisa fora do comum,
(desnecessário dizer o quanto é essa a mais comum das coisas).

passa a saliva
na boca seca
à pão e água
aí sempre toca aquela música
e um cristal quebra
à míngua de silêncio,
de seiva,
sem sirene:
vem a ambulância.

Mariana Ferreira

Eu mostro a língua para Noel

Ezequiel
não tem muros
e nem cacos de vidro
e nem dentes
e não tem nem Natal
Não Não Não ....
Tem tem tem...
Ho Ho Ho Ho...

Samba desde cedo
No pé
Do morro
Da cidade

Ezequiel
Tem de sobra
Molejo
Suor
Criatividade e uma barbicha
Branquinha feito neve
Carrega suas energias no
Chafariz
Da Praça Paris
E de graça
Oferece a língua vermelha
A quem passa de ônibus

Patrícia Azevedo

p/pasolini

eu quero o café e cigarros hollywood/eu quero a água
vc me deu a moringa
sei q as coisas não são assim/nenhum caminho é reto
escuto auto-ajuda por todos os lados
propostas de restaurantes programas em bar aniversários em bar
eu escuto/ escuto o filho da puta dessa papa sem escrúpulos como toda igreja
escuto os fantasmas dona terezinha mami reinaldo arenas grazie eu escuto
escuto minha misericórdia meu ser baixo menor menos eu escuto o perverso o bandido o sem escrúpulos em pele de cordeiro
eu escuto pasolini eu amei pasolini no hotel da rua do rezende/ eu sou forte sem teorias e pecado com vida/ eu escuto meus fantasmas rondando entrando nessa casa/ eu olho a bagunça eu escuto a barbárie na delfim moreira eu sou menos q isso eu não posso ter piedade/ eu queria fumar um cigarro e amar sem inventos burgueses para casar/ casar não é fácil quando há escuro/o escuro é o sexo a buceta dia após dia/
segurar as mulheres não é bom pq elas morrem e nos levam/ eu mesma sou uma putinha dessas q queria fazer/ envergonhada católica e durmo tranqüila achando q sou mais q os boiolas q estão aí juntando dinheiro para um carro novo e eu sou assim/
eu me esforço na verdade uma culpa/ papai teve dois filhos veados um neoliberal outro anarco-burguês pensionista/eu quero um sorvete da Cairu/ eu quero/ vc me engana mas eu sei/
(por dricafernandes@yahoo.com.br)

8.4.05

"natureza-morta2" Posted by Hello

4.4.05

"O sonho não acabou, virei a página"


20.3.05

"A Rua" de João do Rio

"Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia — o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia, Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua."

In A Alma Encantadora das Ruas (1952)

17.3.05

CROMOBJETOS de Jorge C./Naoko Takahashi

por dricafernandes@yahoo.com.br

Buscar na cidade – com camelôs, ambulantes, transeuntes - o sentido. Perceber de soslaio para esquecê-lo no momento seguinte, mas ainda um sentido, que seja, de passagem, que seja, na vulnerabilidade da quinquilharia chinesa, nascida para consumo veloz e lixo.
Walter Benjamin, filósofo judeu que guardava miudezas e usados em geral nos quartos onde habitou, adorava Mickey Mouse e era marxista. Benjamin, o moço canceriano, o moço que acreditava na memória da sociedade descartável do capital. Este moço judeu indagava se seria possível com a mecanização da sociedade e da condição humana contar uma história. Seria possível contar uma historia para as próximas gerações? Era possível no mundo-breve dividir uma experiência com seus pares? O nazismo mais que desdenhou suas preocupações. Não seria possível amplificar o humano. O sonho de uma “humanidade” destinado ao fracasso.O Homem um homenzinho.
Benjamin discordando de seus parceiros marxistas. Para ele era possível perceber no efêmero e nos fragmentos narrados uma experiência. Ainda seria possível contar uma história desde que não ficássemos na nostalgia da tradição. O capital desfaz e refaz a tradição. O capital encena modas. O capital enterra modas. O capital é seu próprio coveiro como vaticinou São Marx. As modas são passatempos. O capital não pode estar em muitos transeuntes. O capital é avaro. O capital é o consumo. O capital tira emprego, o capital alimenta seu monstro - o desemprego seu kamicaze. Fazer da cidade uma resistência ao consumo.

Os Cromobjetos abaixo postados invocam a idéia de Walter Benjamin. Por trás dos fragmentos e anúncios da cidade, o desmanchar do capital é destino. No gasto das embalagens plásticas despontam outros sentidos. No gasto das embalagens o gosto do sentido, o riso do ridículo, a surpresa. A cidade plástica a experiência plástica: fugir do capital em seu plástico.
Jorge Luís atualizando o saco que envolve o colchão novo o qual Ligia Clark usou como modo de ser-expandir-se em seu espaço, abrir e sair do saco, ser um saco ser o soco vivo certeiro.
Ver o dinheiro em seu esgarçar, como papel que ele É. Como papel gasto.
O “pago não troco” revela o capital-imperador, na trama dia-após-dia para existir.
Ver e rever Cromobjetos na cidade - para sempre - é só tentar.
Cromobjeto6 Posted by Hello
Cromobjeto5 Posted by Hello
Cromobjeto4 Posted by Hello
Cromobjeto3 Posted by Hello
Cromobjeto2 Posted by Hello
Cromobjeto1 Posted by Hello

8.3.05

A desatenção narcisista do mundo que não anda mudado

(de Patrícia Azevedo/ pati@ibam.org.br)

Desarticulado, o moço claudicando pára.
Pelo sim pelo não, pelo sim pelo não.
Não sabe das vestes que usa
Não sabe que o caminho além de tortuoso tem nuvens.

As nuvens amontoadas servem para amortecer o sol
Que, mesmo com a cisma do moço, clareia seu vagarinho
E, também, as folhas de papel pisadas pelo pé do moço enfadonho
As folhas indicam sujeira misturada a gotinhas do sol, pleno em seu total descabimento.

O moço vaga diante das gotinhas para logo voltar a parar
O moço encontra uma nota de 50,00 pratas no chão sob as folhas de papel
Pega o papel e guarda cuidadosamente no bolso
Enquanto pica com prazer a nota descomunal
Amaldiçoa quem a perdeu e faz piadinhas
Ri gostosamente vitorioso e impulsionado pela satisfação pula muito
Alcançando o olhar de um narcisista que solene-mente passa tentando passar por desapercebido .




7.3.05

"natureza-morta1" Posted by Hello

21.1.05

Lima Barreto em seu Diário Íntimo

Jan.1905: Ontem, à tarde, estive com o saboroso Carneiro, o Manuel Otávio, engenheiro dos esgotos de Niterói. Gosto imenso dele; é inteligente, é doce, é bom, mas há nele uma pontinha de dúvida, a meu respeito, que me apoquenta. Voltando só com ele da Rua 1o Março, fomos tomar um refresco no Cascata. Aí ele me disse: “Barreto, sou dos teus amigos o único que quer ficar obscuro. Contento-me em estudar a condução da merda dos niteroienses, e isso porque eles me pagam... etc, etc”. (...); continuando a subir pela Rua do Ouvidor acima, Carneiro foi despejando coisas dúbias, frases sem nexo, que eu decididamente não lhe compreendi o estado d`alma. Amores... Aborrecimento comigo... Falta de dinheiro... Que seria? Que desconforto lhe causaria isso, a ele, tão jovial, tão calmo sempre?

Hoje, 8, domingo: Pleno Leme. Cediço. Nada novo. Não há moças bonitas. Só velhas e anafadas burguesas. Turcos mascates e suas mulheres também. O João, um imbecil do meu gosto pessoal, o João T... B... foi comigo. Fomos ao fortim. Canhão do século atrasado. Ruínas portuguesas. Esforço dos lusos. Povoamento do Brasil. Pedro Álvares Cabral. Bandeirantes. Jacobinos idiotas, burros, ingratos. Ipanema, tal qual o Méier. Duas vezes, pelo caminho, encontrei o Serrado a cavalo. Chapéu de cortiça inglês. De branco. Pela rua, fazia o que ele tem feito sempre na vida, galopar e saltar todos e quaisquer obstáculos, fossem quais fossem. (...).

Pavorosa vontade de urinar. Passeio com o João pela avenida a construir. Cais do beira-mar. Travessa do Maia. “Ei-la”. Número 22. Que doçura de fisonomía. Pálida. Calma. Cílios poucos. Não há nela nem revolta, nem resignação. Interessa-me. Queria-a para minha mulher. Mas eu... Ah! Meu Deus! Há de ser sempre isso. Há uns tempos a esta parte, vai se dando uma curiosa cousa. Na rua, nos bondes, nos trens, eu me interesso por certas moças e às vezes por cinco minutos chego a amá-las. Procuro-lhes a moradia. Passo duas, três vezes pela porta timidamente, gauchement – onde me levará isso? (...)

Reflexões no Leme. Divertimento que, tirado dos colégios, foi fazer, no Leme, as delícias dos marmanjos – o balanço. # Há alguns ingleses com máquinas fotográficas, pavorosos; (parodiando) por que todos os ingleses não ficam na Inglaterra? # Quando se quer divertir, deve-se andar só. Os imbecis mesmo pertubam. # Se toda a humanidade desse passeios ao Leme, teria mais felicidade.

>
dricafernandes@yahoo.com.br



Lima Barreto em 1919 na ficha de internação do Instituto Psiquiátrico da UFRJ. Posted by Hello

Arquivo do blog