um Escrito COLETIVO. buscar a cidade transviada e crioula. a cidade em fragmentos. declarações furtivas. Sonho e fantasia para uma cidade melhor.

17.3.05

CROMOBJETOS de Jorge C./Naoko Takahashi

por dricafernandes@yahoo.com.br

Buscar na cidade – com camelôs, ambulantes, transeuntes - o sentido. Perceber de soslaio para esquecê-lo no momento seguinte, mas ainda um sentido, que seja, de passagem, que seja, na vulnerabilidade da quinquilharia chinesa, nascida para consumo veloz e lixo.
Walter Benjamin, filósofo judeu que guardava miudezas e usados em geral nos quartos onde habitou, adorava Mickey Mouse e era marxista. Benjamin, o moço canceriano, o moço que acreditava na memória da sociedade descartável do capital. Este moço judeu indagava se seria possível com a mecanização da sociedade e da condição humana contar uma história. Seria possível contar uma historia para as próximas gerações? Era possível no mundo-breve dividir uma experiência com seus pares? O nazismo mais que desdenhou suas preocupações. Não seria possível amplificar o humano. O sonho de uma “humanidade” destinado ao fracasso.O Homem um homenzinho.
Benjamin discordando de seus parceiros marxistas. Para ele era possível perceber no efêmero e nos fragmentos narrados uma experiência. Ainda seria possível contar uma história desde que não ficássemos na nostalgia da tradição. O capital desfaz e refaz a tradição. O capital encena modas. O capital enterra modas. O capital é seu próprio coveiro como vaticinou São Marx. As modas são passatempos. O capital não pode estar em muitos transeuntes. O capital é avaro. O capital é o consumo. O capital tira emprego, o capital alimenta seu monstro - o desemprego seu kamicaze. Fazer da cidade uma resistência ao consumo.

Os Cromobjetos abaixo postados invocam a idéia de Walter Benjamin. Por trás dos fragmentos e anúncios da cidade, o desmanchar do capital é destino. No gasto das embalagens plásticas despontam outros sentidos. No gasto das embalagens o gosto do sentido, o riso do ridículo, a surpresa. A cidade plástica a experiência plástica: fugir do capital em seu plástico.
Jorge Luís atualizando o saco que envolve o colchão novo o qual Ligia Clark usou como modo de ser-expandir-se em seu espaço, abrir e sair do saco, ser um saco ser o soco vivo certeiro.
Ver o dinheiro em seu esgarçar, como papel que ele É. Como papel gasto.
O “pago não troco” revela o capital-imperador, na trama dia-após-dia para existir.
Ver e rever Cromobjetos na cidade - para sempre - é só tentar.

Nenhum comentário: